A voz de canhão se calou
Eram 23h, do dia 15
de dezembro de 2020, ano tão melancólico que gostaria de esquecer. Antes de
deitar como é de costume, vejo as mídias sociais para ver algo de
surpreendente, quando, derrepente, sou surpreendido com o falecimento de Nilson
Rachid, A Voz de Canhão do Rádio de Rondonópolis. Se calava naquele instante.
Foram inúmeras vezes, no estádio Dutrinha, Arena Pantanal e Verdão em Cuiabá e
no Luthero Lopes em Rondonópolis, que encontrava o amigo
"Rachidão"(como carinhosamente chamávamos) pelos corredores do
futebol, sempre com seu posicionamento direto, é um estilo inconfundível e bem
humorado.Nilson Rachid - Foto: Internet
Ele era natural da mesma cidade do saudoso artilheiro Bife deu suas primeiras
engatinhadas no futebol, em Aquidauana(Hoje Mato Grosso do Sul). O Rachid, como
também jogou futebol, se inspirou naquele esquadrão Santista da década de 60 da
era Pelé e cia. Trabalhou muitos anos na Empresa Brasileira de Linhas
Telegráficas, viajando Norte e Sul do imenso Mato Grosso, ainda unificado.
Nutriu o gosto pelo rádio esportivo, e ao chegar em Rondonópolis, trabalhou na
Braninfe (depois passou ser chamada de Rádio Juventude) e por mais de duas
décadas na Clube AM, ao lado das Feras, Noel Paulino, Antônio Carlos, Jota
Barreto(esses estão no andar de cima).
Eu gostava do estilo de trabalho do Nilson Rachid, tinha uma vontade louca de
trabalhar com ele na Rádio Clube, confesso ainda ter vontade de trocar Cuiabá
por Rondonópolis, por uma temporada apenas. Rachid pertenceu a uma boa escola
de profissionais do rádio, segundo ele, trabalhou em rádios de Campo Grande
antes de se transferir para o rádio esportivo rondonopolitano. Ele muito me
aconselhava sobre a postura de um profissional na sua atuação empunhando o
microfone, como também ter a paciência para ler jornais, livros e revistas,
mesmo nunca ter trabalhado com jornalismo escrito-impresso, ele tinha um
domínio das palavras, e isso lhe rendeu o apelido de Voz de Canhão.
Nilson Rachid, um grande companheiro, me recordo das dicas e opiniões dele
sobre os clubes brasileiros e mato-grossenses, política e social. Sempre que
podia conversávamos pelo celular, trocávamos mensagens de voz pelo watts, já
tomamos cerveja juntos, ele era um baita amigo, e sempre nos ajudava com um
furo noticioso, do União, Vila Aurora ou Rec.
Além de grande amigo, era um baita pai de família. Ele era Família acima de
tudo, muito religioso também, um coração enorme, nos recebia com largo sorriso
no rosto, nunca esquecerei suas gargalhadas nos bastidores das cabines de rádio
da Arena Pantanal. É difícil pra mim, confesso, chorei por 5 minutos
copiosamente, ao saber da notícia, depois encontrei forças para postar nas
minhas páginas oficiais do Facebook e Instagram, a notícia do seu falecimento.
Em um ano conturbado, essa moléstia chinesa levou mais um amigo do radio
esportivo, mais uma vítima entre milhões de brasileiros. Esse maldito 2020,
quero esquecer, apagar e desintegra da minha lembrança. A você Rachidão, muito
obrigado, você foi especial pra nós da crônica esportiva de Mato Grosso.
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